terça-feira, 3 de junho de 2008

Só temos uma saída. Mas temos!

"Mas, francamente, onde é que nós estamos? Onde esse país vai parar?"

Essas foram as duas únicas coisas que consegui balbuciar ontem à noite, por volta de 23:00. Vi coisas absurdas, que me deixaram mais que estupefato. Me deixaram boquiaberto.

Estava eu assistindo a um programa na TV. E, em uma matéria que era meio jornalística, meio humorística, deixaram um celular "esquecido" no meio da rua. E ficaram lá filmando escondidos, na espreita, só esperando alguém "encontrar" o celular. A idéia era verificar a honestidade do povo brasileiro.

Quando alguém encontrava aparelho, o celular tocava. Era o repórter que queria recuperar o celular. Estava falando com a pessoa, vendo-a e se aproximando. Tudo filmado.

Algumas pessoas diziam que estavam com o aparelho, se colocavam à disposição para devolver o celular. Então chegava o repórter e agradecia pela devolução do celular. Um rapazote, um jovem mancebo, chegou a afirmar categoricamente que com "cinqüentinha" devolvia o celular.

Mas um encontrou o celular na rua, a pé, e o atendeu. Disse que estava dirigindo, pelo que entendi falou um local longe dali. Obviamente, ele pareceu querer dificultar ao máximo a recuperação do aparelho. Qual não foi sua surpresa quando o repórter apareceu e perguntou, olhos nos olhos: "Onde é mesmo que você está com o meu celular?". Isto me deixou estupefato.

Mas boquiaberto mesmo eu fiquei com uma outra senhora. Encontrou o telefone e imediatamente guardou em uma bolsa (ou no bolso, ou sabe-se lá onde). As câmeras filmando. O celular tocou. Ela não atendeu, e se dirigiu para um lugar que pareceu seu trabalho. E nesse momento o repórter foi até ela. Perguntou se ela devolveria um celular se tivesse encontrado. A resposta? "Não encontrei nenhum celular". Mostraram a ela (sim, na hora, mostraram) o vídeo dela juntando e armazenando o celular. E mesmo assim ela dizia não ter nada a ver com celular nenhum. O repórter saiu dali, pegou o primeiro policial, e pediu providências. Para o policial ela entregou o aparelho.

O mesmo programa fez outra reportagem mostrando o desrespeito a vagas de estacionamento para deficientes. Pessoas comuns (sem deficiência nenhuma), policiais (pasmem!), e (acredite se quiser) políticos não respeitam as vagas reservadas para deficientes. Passaram vergonha em rede nacional, porque o programa fez chacota deles.

O problema, meus amigos e minhas amigas, o verdadeiro e único e primordial problema é a educação. Sabe? E-DU-CA-ÇÃO.

Menos mal que a dona da lotérica em Santa Catarina achou o bilhete premiado e o devolveu à dona. Isso não deveria render reportagem no noticiário, posto que deveria ser um comportamento normal, corriqueiro. Mas no nosso país, isso deve ser comemorado. Ela era uma pessoa educada. E-DU-CA-DA. Uma pessoa que sabe o valor da verdade.

Sim, temos solução. E-DU-CA-ÇÃO!

Um comentário:

Anônimo disse...

O tal programa que o Caçula não citou explicitamente é o CQC - Custe o Que Custar, que passa na Band, nas segundas-feiras, e que começa ali pelas 22 horas e vai até quase meia-noite.
Recomendo que assistam. É um programa de humor um pouco mais sutil que o Pânico, mas seguidamente tem matérias por um mundo melhor. Quem não está engajado pela causa é, com razão, chacoteado e humilhado em rede nacional.
Dia desses a "vítima" foi um prefeito do interior de São Paulo que comprava o quilo de feijão, para merenda escolar, por cerca de R$ 8,00, quando o mesmo fornecedor vendia para outra cidade o mesmo feijão por cerca de R$ 3,00. Foi chacoteado até não querer mais. Extremamente exposto.
Bem feito! E vamos assistir o CQC!