segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Um círculo que começa a se fechar...

Bem, antes de adentrar no assunto específico, eu gostaria de retornar a aproximadamente nove anos atrás. Numa época que, tenho certeza, marcou não somente a minha vida, mas de muitas pessoas queridas. O verão de 1999.

Naquela época quente, nossas vidas acabaram recebendo um grande e positivo "sacolejo": fomos aprovados em um dos melhores cursos de computação do país. Passamos por um processo seletivo deveras "puxado", que nos colocou em competição direta com outros 13 jovens por uma única vaga. Alguns de nós vieram de longe (e põe, longe, né Pó!), outros de um longe já não tão longe assim, aqui mesmo de Porto Alegre, e outros do meio termo (ãrh, do Humaita). Mas o importante é que, juntamente com outros jovens ávidos por um novo mundo que se abria: nós entrávamos na faculdade!!!

Tudo era novo, tudo era interessante! O segundo grau se tornava uma página virada. Me lembro como se fosse hoje da primeira conversa com o Sanger na fila da matrícula. Os assuntos em voga na época eram o trote, as cadeiras, o RU, o dacomp, o churrasco do trote, e como sobreviver aos veteranos. Como encarar os desafios? Como se relacionar com todas aquelas pessoas diferentes, vindas de toda a parte, com a qual compartilhávamos as nossas espectativas de futuro?

Em pouco tempo, tivemos que nos acostumar com muitas coisas: a rotina estuda/estuda/faz trabalho/estuda/faz trabalho/ e estuda mais um pouco, a viagem até o campus, a distância dos pais, amigos antigos e da vida adolescente. Enquanto crescíamos e amadurecíamos, íamos mudando nossos hábitos, valores, fazendo provas e tentando nos adaptar. Em certos aspectos, ainda éramos crianças. Em outros, já tínhamos a consciência da responsabilidade que nos era depositada. Em pouco tempo, seríamos cobrados por isso, e deveríamos prestar contas!

Ao longo do processo, atuando tanto como gurus quanto como lordes do mal, e, por vezes, sendo ambos ao mesmo tempo, estavam eles. Os professores. Muitos fantásticos: Weber, Medianeira, Lizandro, Nina... Outros nem tanto: não citarei nomes. Mas todos acabaram fazendo parte da nossa vida. Foram, por certa epóca, nossos "mestres do mago", nos propondo desafios, dando alguma charada criptográfica e saindo de cena rapidamente enquanto caíamos no desespero e tentavamos assimilar a matéria em longas tardes de estudo na biblioteca.

Da metade para o final do curso, eles se tornavam cada vez mais próximos. Já nos sentíamos em casa nesta instituição. Precisávamos pensar no trabalho de conclusão. Muitos de nós estavam trabalhando para eles, como bolsistas: já fazíamos parte do ecossistema da universidade. Outros, ingressavam no mercado, e começavam a trilhar seu próprio caminho. Para estes, os professores representam a fonte do conhecimento que eles repassariam para o ambiente, ou, pelo menos, possibilidade de interação entre a sua empresa e sua instituição de ensino.

Na formatura onde colei grau, (que, não foi exatamente a que tomo como "minha formatura", visto que esta ocorreu seis meses mais tarde...), eu me lembro de ter dito que me inspirava em muitos mestres. Eu disse que tinha vontade de me juntar à equipe, um dia ser um deles. Desde este ponto, vejo que trabalho com este objetivo em mente. Após meu mestrado, tive minha primeira oportunidade, no Monteiro Lobato. De certa forma, lá eu mais aprendi que ensinei, muitas vezes nas dificuldades. De volta ao lugar que considero minha casa (a UFRGS), tenho tentado me manter em sala de aula através de atividades didáticas. Eu realmente senti muita falta da alegria que é compartilhar conhecimento e acompanhar a evolução dos alunos.

Mas agora, vocês devem se perguntar a razão de eu recorrer a tantas lembranças, de tanto tempo. Por que afinal de contas eu me apego a tais recordações? A vida passa, as coisas mudam. Teria eu me prendido no passado?

Eu diria que não. Certo sim, que sou muito feliz em recordar tudo que vivi, e todos os momentos que me fizeram ser que sou hoje. Mas certo também, de que em algum ponto, no início de tudo, algo em mim havia feito sentido: era justamente isso que eu queria para minha vida. Eu estava exatamente onde queria estar. Para mim, enquanto aluno, passar por este curso foi algo de intenso crescimento (e por muitas vezes angústia) que me fez amadurecer. Fiz grandes amigos, cresci tanto como pessoa e como profissional. Agora, eu gostaria de poder acompanhar isso tudo, mas sob uma outra ótica. A ótica de quem observa, propõe desafios, e inspira (ou pelo menos se esforça ao máximo para isso). A ótica de quem se frustra ao ter que corrigir um prova que sabe que não obterá a média mínima para passar. A ótica de quem sabe que tem a responsabilidade imensa, e que aquelas pessoas que porventura passarão por aquela classe um dia poderão fazer verdadeiras mudanças na sociedade. E da responsabilidade de poder influência-las (se tudo der certo, positivamente).

Vamos aos fatos: no final da semana passada fui aprovado no processo seletivo para professor substituto do departamento de informática teórica! :)

Estou imensamente feliz. Provavelmente serei responsável por uma turma de primeiro semestre. Terei o privilégio de acompanhar esta turma que virá em seus primeiros desafios nesta universidade. Ao mesmo tempo que estou feliz, estou bastante preocupado, e ciente do trabalho que isto acarretará. De qualquer forma, agora eu tenho a oportunidade de fazer alguma diferença... e não quero deixar ela passar!

Neste exato momento, tudo desde aquele verão de 1999 me vem à mente. Sinto que um círculo começa a se fechar...

5 comentários:

Anônimo disse...

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Não tenho palavras. Não sei se eu já disse, se disse reafirmo: como tenho orgulho desses meus amigos! E hoje, a homenagem é do Machado!

Vai lá, Machado! É justo, é merecido. Tenho certeza que farás um trabalho imensamente competente.

Abraço!

Unknown disse...

Machado dando aula no II ?

Esse mundo tá perdido !!

Haha, Brincadeira. Machado, além de tu merecer, ainda tenho certeza que quem mais ganha serão teus futuros alunos.

Vão ganhar um baita prefessor, conhecendo a fundo o assunto e de brinde um professor muito gente boa.

Parabéns !

Daniel Gaspary (outrora conhecido como Chewie)

P.S.: Esses CAPTCHAs estão cada vez mais difíceis. Me dão medo de que façam eu descobrir que não sou humano afinal. :)

Polina disse...

Deusulivre!!!

É muito domínio... (é muita responsa...)

O cara é bom!
E esse discurso é apenas parte do currículo que mostra o quanto ele é capaz de superar os desafios que "acham" que vão enfraquecer esse guerreiro. :D

Parabéns professor Machado!

Anônimo disse...

Parabéns Mira!! Não sei se isso significa muito pra ti, mas eu estou muito orgulhosa :)
Tu merece cada conquista, cada vitória que passa pelo teu caminho. E mais uma vez agradeço aos ERAD-Boys a chance de poder acompanhar tudo isso de perto.

Parabéns!!!!

P.S.: O (meu) Rodrigo tá na praia, acabei de ligar pra ele e ele ficou MUITO feliz :D

Anônimo disse...

Matchado - El Ensinador De Los Aluños!
Que domínio hein? Tudo o que os alunos de início de curso precisam é de um professor motivado que nem tu! Eles só têm a ganhar.
Parabéns Mira, to muito orgulhoso :D