quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mente vazia

Eu sou um cientista da computação. Eu sou mestre em computação também. Durante cerca de 8 anos de faculdade treinei meu cérebro ao extremo, moldando-o para o raciocínio exato, para o método científico, para o pensamento lógico.

Este desenvolvimento de raciocínio que nós das exatas adquirimos é perfeito para nossa profissão e muito útil na vida como um todo. Como é bom, em qualquer situação do dia-a-dia, conseguir distinguir claramente causas e conseqüências, analisar uma série de premissas, classificar fatos, repassar tudo para nossa máquina de inferência e de forma lógica resolver um problema. É muito útil, é como se entendêssemos o mundo que a maioria não entende, e nem sabe que não entende. Conseguir categorizar e isolar os aspectos importantes de um assunto, os quais, para uma mente não-científica, poderiam ser uma nuvem cinza impossível de distinguir. Enfim, somos máquinas de analisar, classificar, concluir. Somos máquinas de bolar algoritmos. Somos máquinas de solucionar problemas matemáticos. Somos máquinas de inferência, super-azeitadas.

Só que toda essa habilidade com a lógica e a exatidão nem sempre são vantajosas. Espero que todos concordem que, de vez em quando, é preciso dar um descanso para esta máquina. O problema é que as vezes a gente pode querer relaxar e pode não conseguir. Eu gostaria de relaxar minha máquina de inferência completamente, nem que por espaços de tempo curtos. Para mim, isto não é tarefa fácil. Juro que já cheguei a sentir inveja de pessoas que não têm essa visão tão mecânica e lógica das coisas que eu tenho. Quero deixar claro que relaxar a máquina de inferência não é apenas sair de férias. É perfeitamente possível estar em uma praia, sem nenhum compromisso, relaxando o corpo, mas estar com a mente ainda assim afiada, ávida por lógica.

Meu cerébro sabe que é preciso relaxar, não ser tão cientista. Racionalmente, eu consigo perceber que minha vida será melhor se eu me permitir ser menos racional. Então, racionalmente eu me permito ser menos racional. Mas aí está o problema: até na hora de relaxar eu sou racional, poxa!

Como deve ser bom, as vezes, falar coisas sem antes verificar a corretude, sem antes verificar todos os argumentos, contra-argumentos e contra-contra-argumentos que poderão decorrer da opinião emitida.

Como deve ser bom agir por impulso, apenas por emoção, falar aquilo que racionalmente seria um absurdo falar.

Como deve ser bom calar este raciocínio lógico!

Como deve ser bom estar com a mente vazia, sem pensar em nada. Sem raciocínio, sem lógica, sem inferências. Imaginem, que sensação suprema! Mente vazia, por completo! Meditação deve ser o máximo!

E não é só vontade de silenciar a mente que eu tenho! Não é de hoje que eu sinto necessidade de buscar algo a mais do que ciência. Dizem que quem busca algo a mais, deve começar procurando dentro de si próprio. Vai saber.

Em todo caso, para os curiosos, lá vai um dos meus focos de interesse no momento:

http://www.namaste.com.br

Se tu fores acessar, tente não racionalizar tanto. Não vai dar uma de Sanger, por favor. Ah, e tente ler despido de preconceitos :-)

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande lembrança, esse tema!
Não sou um cara com conhecimento do assunto, mas fiquei bem curioso depois de ver o site recomendado. Acho que vou procurar dar uma lida a respeito...

Aproveito pra sugerir um passeio (que é possível que tenha algo a ver com isso. Ou não, mas vale a dica :D): o templo budista em Três Coroas.

http://www.terra.com.br/planetanaweb/flash/reconectando/jornadas/budanaserra.htm

Bom, eu fui uma vez, e gostei.

Anônimo disse...

Fui sabotado, e o endereço ficou cortado... Segunda tentativa:

Tempo budista em Três Coroas

Anônimo disse...

E não é tempo, é "tempLo", com "L"... :D
(tá, não me corrijo mais)