domingo, 3 de agosto de 2008

Maloca cidadão da civilização

Eu estava indo para o trabalho em um dia de chuva. Resolvi pegar um ônibus até o centro, para não me molhar muito. Na minha parada, subimos no ônibus eu e um homem que, só de olhar, dava para desconfiar que ele não ia pagar passagem. Ele iria pedir para passar por baixo da roleta. Era um morador de rua, com roupas velhas e sujas.
Passei na roleta e me sentei. O homem se aproximou da roleta e já foi se abaixando para passar por baixo. Nisso, o ônibus recém tinha arrancado da parada e já havia parado em uma sinaleira.

O cobrador reagiu à tentativa do homem:
- Não, não, não! Pode descer aqui mesmo!

O homem tentou ainda insistir para passar por baixo da roleta, mas o cobrador foi irredutível. Sem outra solução, começou a se dirigiu à porta do ônibus, para descer. No entanto, parou e argumentou:

- Mas eu não posso descer fora da parada! Não pode! Ninguém pode subir ou descer fora de parada!!

O cobrador riu e ficou irritado ao mesmo tempo. "O maloqueiro tá argumentando!!!", deve ter pensado, embasbacado.

O cobrador reagiu:
- Tá, sai logo!
E o motorista abriu a porta.
O homem chegou na porta, desceu o primeiro degrau, olhou pra rua e voltou:

- Não posso descer aqui! Tu tá parado em cima da faixa de segurança!

Que momento!!! Muito engraçado! Quase levantei pra aplaudir. O cobrador e o motorista foram a loucura, se irritaram pra valer! Antes de descer, o homem ainda pediu o número do ônibus, pois pretendia ligar para a empresa para reclamar...

Por um lado, ele estava errado, queria andar de ônibus sem pagar. O velho jeitinho brasileiro.
Por outro lado, exigiu o cumprimento das regras. Por mais que suas reivindicações tenham servido apenas para servir de suporte ao jeitinho brasileiro, não dá pra negar que quando ele quis ele esteve antenado nas regras e nos deveres do cidadão!

Ele foi um cidadão!

Enfim, pode ser que leve mais 1000 anos, mas arrisca que o Brasil, um dia, ainda chegue lá.

3 comentários:

Polina disse...

O grande problema é que o cidadão busca "um jeitinho" para ganhar direitos e "um jeitinho" para fugir de seus deveres.

Mas como diz um ditado muito conhecido: a esperança é a última que morre...

Anônimo disse...

Concordo.

Mas, se por um lado é um exemplo lamentável de uso da lei de levar vantagem em tudo, por outro lado deve ter sido bem engraçado o imbróglio.

Outra coisa a ser notada: no Brasil muitas pessoas têm uma mania triste de achar que as leis valem só em alguns casos. E principalmente, valem quando dão benefícios a elas mesmas.

Mas, que deve ter sido engraçado, ahhh, isso deve.

Essa globalização... :D

Anônimo disse...

Andar de ônibus é uma aventura. Eu falo e ninguém me acredita...
:P