Quando eu era criança eu sempre ficava na expectativa pelo final de ano. Muito mais por causa do Natal, eu confesso. Eu sempre queria saber se eu ia ganhar aquela bola que eu tinha pedido, ou se a bicicleta viria, ou o tão sonhado Atari. Aqui vale lembrar que o sonho do Atari próprio foi realizado em um Natal. Ainda lembro exatamente até do que eu comi naquele Natal, o do Atari. E da expectativa até o momento mágico em que eu abri o embrulho e ele estava lá, na caixa predominantemente cinza. Desculpem, caros dois ou três leitores, mas tenho que fazer uma pausa pra enxugar uma lágrima renitente que teima em cair pelo meu rosto.
Mas tergiverso. O que quero mesmo é falar do Ano Novo, essa oportunidade que as pessoas têm de fazer levantamentos e ver onde e como podem mudar suas vidas. Muito mais do que a troca de um número no calendário, o Ano Novo representa, ao menos para mim, a oportunidade de refletir e ver qual o saldo que fica depois de mais 365 dias (às vezes 366).
Enfim, é momento de acertar contas consigo mesmo. Ser sincero e verdadeiro com aquela pessoa que a gente vê todo dia quando acorda e olha no espelho. Ver se aquelas promessas que se fez no ano anterior foram mesmo cumpridas. Procurar os motivos para não ter feito alguma coisa. E, mais importante, procurar oportunidades de mudanças e novos projetos para um ano que se iniciará, estalando de novo.
Vejamos. Em 2009 eu tinha uma sacola de idéias na cabeça. Destas, algumas não saíram de onde estavam. Mas algumas viraram uma realidade bastante palpável. Que o digam a máquina de lavar roupas cheia e esperando pra fazer seu trabalho, a pia cheia de louça pra lavar e a geladeira implorando por compras que a recheiem pelo menos um pouquinho. Alguns projetos foram levados a cabo, como podem comprovar as lojas de roupas que estão me vendendo artigos em tamanhos muito menores do que costumavam vender. Outros estão em pleno andamento, conforme atestam os meus tênis que estão tendo suas solas cada vez mais gastas.
Obviamente, houve surpresas. Algumas ótimas, verdadeiramente lindas. Outras, bem menos agradáveis. Mas todas elas me levaram a me dar conta de uma coisa totalmente óbvia: a vida só anda se a gente ajudar a fazê-la andar. A engrenagem está pronta, esperando por um empurrão para começar a funcionar. Como diria Eduardo Galeano, "a sorte ajuda quem a ajuda a ajudar".
Acho que mudei um bocado em 2010. Acho que levo desse ano uma nova sacola, cheia de ensinamentos, experiências. Receitas do que fazer e do que não fazer. Já disse e reafirmo: saio desse ano mais preparado e mais pronto do que entrei.
E não esqueci, nunca esqueceria, da presença dos amigos e da família nesse ano. 2010 foi um ano movimentado, intenso. E eu tive sempre os melhores amigos que eu poderia sonhar em ter, próximos de mim. Quando eu menos esperava, vieram e me mostraram o quão boa a vida pode ser. Quando a felicidade era gigante, eles estavam presentes, celebrando junto comigo. Mas quando eu mais precisei, eles não esmoreceram: estavam lá, atendendo o telefone para me ouvir choramingar, me encontrando para, pacientemente, ouvir meus lamentos. Só posso dizer a eles uma palavra: obrigado.
A família também vai bem, obrigado, e manda lembranças. Termina o ano com um orgulho gigante da minha irmã que concluiu a faculdade. E iniciará o ano novo com a formatura, pra ter a oportunidade de demonstrar o orgulho em público. Também esteve comigo quando eu estava feliz, me ajudou quando eu precisei e não faltou quando eu precisei de palavra de irmã, ombro de pai e colo de mãe. Repetitivamente, digo: obrigado.
Em resumo, é mais ou menos isso: 2010 foi um ano e tanto. Será para sempre lembrado, como aquele Natal em que eu ganhei meu saudoso Atari. E eu já estou com idéias, projetos, planos, metas, sonhos, objetivos, tudo pronto pro ano que está chegando. Preparem-se, vocês ainda vão saber de muitas novidades nos próximos 12 meses.
Que venha o 2011. Feliz Ano Novo!